Não seja por issu ... Bayonetta é “pervertido” na medida certa? Impressões de um sucesso infalível! [X360/PS3] Spoiler
fev 2nd, 2010
by T_thiago.
“Perversão” é uma palavra complicada. Muitas vezes ela é usada de forma
pejorativa, maldosa e chegando até, em casos extremos, a ser até
equiparada como uma doença. Não leve a utilização desse termo nesse
texto desta forma mais extremista da palavra. Pervesão também aquilo
que é anormal à um grupo. E se o mundo todo fosse normal, não haveria
graça alguma nele. Todos somos um pouquinho anormais perante a visão de
algumas pessoas. O próprio conceito de anormalidade é mutável ao longo
da história da humanidade.
Ressalvas feitas, é hora de falar de
Bayonetta. O game realmente trás alguns elementos que não são tão
habituais assim nos videogames. Não que isso o torne politicamente
incorreto, pois ele não tenta em nenhum momento parecer algo que possa
realmente existir, lembrando mais um “conto de fadas” feito
especificamente para o público adulto.
Mas se fosse apenas isso, Bayonetta não
seria um game brilhante. Ele é brilhante graças à experiência e a
genialidade da Platinum Games ao trazer um gameplay viciante, numa
estrutura de fases cinematográficas e numa fórmula que visualmente é
fantástica e um sistema de jogabilidade diversificado e divertido.
Climax ininterrupto?Foi essa a idéia principal que tive
jogando as primeiras horas de Bayonetta. O game começa de forma tensa,
continua assim por um bom números de capítulos e praticamente dobra
todo o climax criado quando você chega ao fim do game. É um game que te
deixa com níveis de adrenalina lá no alto do começo ao fim. E olha que
não é fácil um game tirar o fôlego do jogador assim desta maneira.
Só a título de comparação, enquanto
Assassin’s Creed II tem uma curva de aprendizado lento, que leva horas
e mais horas, até que o personagem aprenda a lutar, esconder, esquivar
etc. Em Bayonetta o jogador despenca numa tela de apresentação onde já
está rolando uma luta intensa entre alguns personagens da história do
game. Claro que nessa tela não há barra de energia e não é possível
morrer. Você cai ali só para ir testando combos e botões enquanto a
história continua sendo narrada ao fundo e você possa já ir sentido o
gostinho do que lhe espera a seguir. Mas é assim, Bayonetta já dá o
garfo e a faca ao jogador desde o início do primeiro minuto do game e
pede para ele se virar como puder.
É realmente interessante isso.
Jogadores casuais ou não habituais podem se sentir sufocados num game
assim, mas a Platinum games parece que realmente não estava a fim de
ensinar o “alfabeto” aos jogadores. Você aprende a jogar Bayonetta no
velho estilo aperte e veja o que acontece. Claro que algumas coisinhas
vão sendo explicadas com o tempo, como o poder de parar o tempo por
alguns segundos ao se desviar de um golpe no momento exato ou dos
métodos de torturas que gastam a barra de magia. Mas fora isso, caso o
jogador queira testar os combos e golpes, só mesmo na tela de loading
(onde é possível travar ela, apertando “back” no controle do X360) e
ficar ali só testando até onde vai a complexidade dos golpes. Uma lista
de combos nessa tela também será extremamente útil mais à frente,
quando você perceber que apenas uma única sequência de combos não dá
para ir muito longe.
Conotações sexuais e uma bela protagonista!Uma outra prova de que o game não foi
desenvolvido para qualquer um, é o teor sexual do mesmo, mostrando que
não é brincadeira o selo “mature” (+18 anos) estar estampado em sua
capa. Não que haja sexo no game, mas Bayonetta não tem travas na
língua. O famigerado “fuck” que os americanos tanto adoram para xingar
ou mostrar que um programa de TV é mais adulto do que outros, está ali,
sendo falando por incontáveis vezes.
Mas como eu disse, Bayonetta parece tão
ficcional, que não há aquele perversão exagerada. Tudo até que faz
sentido dentro de um certo contexto. Quando games de ação tem
protagonistas masculinos, já é meio clichê que seja brutamontes, ou
boca-sujas, ou “fodões”, daqueles que derrubam um prédio de 20 andares
com um chute, sabem? Então é até bacana ver uma protagonista feminina
que seja tão “bad-ass” quando os modelos masculinos.
Bayonetta realmente é extrovertida, boa
de mira e exageradamente forte. Quem jogou ou viu no You Tube os chefes
enormes que o game tem e que Bayoneta os vence com as mãos “nuas”, sem
necessitar de uma bazuca, uma engenhoca ou algum acessório enorme que
favoreça a vitória. Sendo assim, ela tem mais do que o direito de
brincar com sua sexualidade, sem parecer promíscua alias, o que é
interessante, porque em geral quando se brinca muito assim como uma
personagem feminina, rapidamente a tacham disso, muitas vezes
injustamente.
Não leve a sério tudo que rola em
Bayonetta. Nem mesmo a história se preocupa em fazer tanto sentido. Ela
existe e mais para o final até vai fazer você ficar interessado para
saber o que vai dar de toda essa guerra angelical, mas ela age mais em
favor do gameplay do que qualquer outra coisa.
É de elogiar também o excelente
tratamento que a Platinum Games deu a Bayonetta, que se mexe e contorce
com uma realidade de se espantar. Claro que ainda é um personagem 3D,
irreal, mas os esforços do estúdio para que os gamers mais taradões
ficassem mais ligados nas curvas da personagem é notável. Inclusive com
os ângulos pra lá de abusivos nas cenas animadas.
Quanto as animações derivados dos
ataques do modo tortura, alguns podem mesmo parecer exagerados, mas
leve na brincadeira que tudo ali é feito com monstros e assim como os
animes, monstros e seres irreais podem à vontade ser despedaçados e
judiados sem que a censura se importe com o fato. (É sério isso! É a
velha história do sangue roxo versus o sangue vermelho, nunca ouviram?).
De qualquer forma, foi uma decisão bem
ousada da Platinum games criar Bayonetta neste formado. Não tanto pelo
lançamento no Japão, afinal a terrinha do hentai e dos games eróticos
não esquenta realmente com isso. Mas Bayonetta é um jogo mundial, saiu
em vários países, lugares de culturas diferentes e que trata
determinados temas de forma mais fechada. O mais legal é que o jogo não
precisa disso para chamar a sua atenção, apesar de ter funcionado
também, porque as outras qualidade chegam até mesmo a se sobresair
sobre qualquer sexualidade que o game brinca. Não é a toa que vem sendo
um sucesso mundial pela crítica, porque tem sim competência de sobra e
coloca certos games do mesmo gênero no chinelo.
Alias também foi genial colocar estes
seres angelicais monstruosos como inimigos do game, sem que a nenhum
momento, seja citado ou feito alguma apologia a determinada religião. É
uma forma inteligente de não cutucar nenhuma das religiões existentes,
evitando assim qualquer tipo de confronto religioso. Cutucar religião
nunca é vantagem, porque é um assunto onde a lógica e a razão nunca
funcionam no bom sentido.
Diversidade, Originalidade e Criatividade!Três elementos geniais que tornam
Bayonetta num game único. E olha que não é fácil achar estas três
coisas juntas num game. É interessante notar o tanto de referências de
outras franquias famosas da Capcom, já que a Platinum Games nasceu da
Clover Studio, dos tempos em que eram um dos braços (e dos bons!) da
Capcom. O game não esconde suas origens. Temos uma certa influência dos
aspectos de Devil May Cry. Bayonetta quando se transforma numa pantera
de verdade, ao correr elas deixa flores pelo caminho, assim como o
Amaterasu, o lobo de Okami. Também é evidente as influências de
Viewtiful Joe, outra obra prima dos tempos de Clover, inclusive é
facisnante o quanto o game me lembrou de Joe. O efeito slow-motion, as
poses e o barulho de máquina fotogrática ao fundo, os “Babys”, a
hitória sendo narrada em alguns momentos como um rolo cinematográfico,
tido isso vindo direto das aventuras de Joe, na qual eu torço em todo
evento de games, para a Capcom anunciar uma sequência, mesmo que não
seja mais com o time da Platinum Games. Até mesmo um dos personagens
secretos do game se chama “Zero”. Coincidência ou não, ainda vale a
menção, vindo de um estúdio e talentosos desenvolvedores que nasceram
na Capcom. Tem mais referências? Deixo para nossos leitores contarem.
Ahh e as argolas de Sonic, chamados no
game de “Halos”! Não poderia me esquecer delas, emprestadas pela Sega,
distribuidora do game! XD
Esse mix de homenagens mostra o quanto
a Platinum foi criativa com tudo, pois o risco de parecer plágio é
grande quando se tenta algo assim. Mas o jogo esbanja personalidade
própria e tenta ser original em cada estágio criado. Existem até mesmo
fases especiais, onde Bayoneta dirige uma motocicleta e um “míssil”, e
o formato do gameplay muda completamente e ainda assim é um dos
melhores momentos do game. Fiquei espantado com o tamanhos destas
fases, já que em geral quando se tem um estágio assim, onde a tela
corre automaticamente, elas são curtas pois é preciso muito tempo e
muita paciência para desenvolver um trajeto que não parece repetitivo a
cada 40 segundos. Fiquei abismado com o tanto de coisa que o estúdio
conseguiu colocar nestas fases para poder cada momento dela ser único.
Além destes estágios especiais, o jogo
faz um belo trabalho com os estágios, sempre divididos em pequenos
trechos chamados “verse”, que valem medalhas (bronze, prata, ouro,
platina e pura platina) e estas influenciam a medalha final do
capítulo. E cada pedaço é único. O jogo realmente se esforça para
colocar o máximo de situações diversificadas possíveis e os novos
inimigos surgem a cada capítulo e a cada episódio, é uma variedade
assustadoramente grande para este tipo de game. Não que eles não se
repitam em vários momentos, mas isso porque o jogo vai exigindo mais e
mais do jogador ao colocar mais e mais deles num único verse para que
você os derrote o mais rápido possível, com o menor dano possível e
combos existentes. Não é tarefa fácil devo dizer. Lá pelos últimos
estágios, cheguei a perder a conta o número de vezes em que morri
devido a dificuldade destas batalhas. E olha que o game só possibilita
ao jogador começar pela primeira vez pelo nível normal. O Hard e o
Non-Stop Infinite Climax (Hardest) são são habilitados só depois de
fechar o game no nível normal, quer dizer, o Hard. O Non-Stop só depois
de facher no agonizante Hard.
Mais inacreditável ainda são os chefes
e sub-chefes espalhados pelo game todo. Vários capítulos e verses são
dedicados a batalhas épicas contra chefes absurdamente gigantescos, do
tipo Shadow of Colossos em tamanho. São momentos daqueles que todo
jogador torce para que seu game favorito tenham, sabe? Aqueles que você
não irá esquecer tão fácil assim. Pode parecer exagero, mas o game
realmente me deixou com essa impressão. Quer um exemplo, a batalha no
meio do mar, contra um ser enorme e a Bayonetta numa placa de metal
como prancha de surf. Toda essa batalha se passar num mar escuro, sobre
uma noite de tempestade, com milhares de ondas por toda a parte e você
um único pontinho minúsculo na tela. Pior ainda quando o mosntrengo
resolve criar um redemoinho gigantesco mais ao final da batalha. Não é
uma situação na qual você vê em qualquer game. Produzir esse trecho
deve ter sido realmente trabalhoso imagino. E isso é só uma amostra do
que o game oferece. Existem muitos outros momentos “bad-ass” onde
Bayonetta se encontra com um inimigo 5 a 100 vezes maior que ela, e o
jogador precisa entender qual é a estratégia para derrotar o inimigo.
Apenas esmagar os botões de soco e chute acabam não tendo um bom
resultado.
E se você acha que o game não tem mais
nada a oferecer, está enganado. A Platinum Games criou um sistema de
armas e acessórios que deixam muitos games por aí no chinelo. Estou
falando de um novo sistema de batalhas para cada arma, que vão desde
espadas, garras, chicotes à um daqueles patins para esquiar no gelo
sabe? E ainda dá para combinar duas destas armas e criar um novo
sistema de golpes e combos. Sem mencionar as armas secretas que
provavelmente você só conseguirá depois de virar o game uma porrada de
games, assim como é com a bazuca da série Resident Evil, sabe? Eu dei
uma espiada no You Tube nestas armas e fiquei de queixo caído com o
quase sabre de luz que existe para quem virar o game no modo mais
difícil do mesmo. Ainda farei uma matéria à parte aqui no Portallos com
todos os segredos de Bayonetta que são muitos mesmo. O sistema de
acessórios eu quase não pude testar a fundo, porque eles precisam ser
comprados com os os halos e são os itens mais caros do jogo. Acabei
dando prioridade aos novos golpes e extras da loja e acabei só no quase
final do game comprando um acessório para facilitar a ativação do
efeito slow-motion, que alias ajudou e muito a minha vida nos momentos
finais do game. Até mesmo acessórios secretos existem para aqueles que
curtem virar o jogo dezenas de vezes. Isso sem mencionar no challenges
secretos. Eu caí em depois de mais da metade do game e levei quase 1
hora para conseguir vencer o desafio. É algo de maluco. Eu vi relatos
no You Tube a respeito do Lost Chapter que é insanamente quase que
impossível de vencer. XD
Como podem ver o jogo esbanja
diversidade, é totalmente original, não há nada nesta geração que se
comparem com a sagacidade do game e a criatividade está em toda a
parte. Seja nos extras enormes que o game trás, no completíssimo
sistema de batalha para todos os gostos, na criação e desenvolvimento
tanto dos inimigos do game quanto dos cenários.
Talvez se for para puxar a orelha, seja
mais ao final do jogo, quando a Platinum faz uma coisa meio estágios
finais de MegaMan, sabem? Ela utiliza vários trechos de vários cenários
do game para colocar batalhas contra muitos chefes e inimigos que você
suou para vencer, em algumas situação diferentes. Claro que nesse
estágio você está bem mais evoluido no sistema de armas e combos e por
isso a experiência acaba sendo algo novo, e não apenas encheção de
linguiça. Alias se você for pensar, era assim também com MegaMan,
afinal você chegava no fim com armadura nova e todas as armas obtidas,
a experiência de enfrentar tudo de novo era algo totalmente diferente.
Até nisso Bayonetta se inspirou, mas trouxe num mundo 3D e de forma
realmente divertido.
Fora isso, realmente não tenho do que
reclamar do game. Bayonetta conseguiu colocar no chinelo muitos games
exclusivos das plataformas atuais, onde você encerra um game e não tem
mais nada para fazer nele. Isso sem precisar apelar para um modo de
multiplayer online. Apenas o single-player para cativar por tantas
horas e horas o jogador. Para os curiosos, eu levei 13 horas para
fechar o modo normal, explorando o máximo possível e colhento tudo que
desse numa primeira partida. E mesmo assim deixei muita coisa para
trás. E existem outras tantas que só são habilitadas depois de virar o
game por uma segunda e terceira vez. E existe uma conquista no X360
onde é necessário virar o game em apenas 3 horas. Tarefa quase que
impossível pra mim. Mas aí você precisa estar armado até os dentes, com
barras e energia e magia ao máximo e pular todas as cutscenes existente
no game todo. XD
Bayonetta é uma daquelas gemas de ouro
que nascem a cada geração. Se você não jogou, vai perder um clássico.
Não é à toa que já se fala numa possível continuação ou num spin-off da
série. Mas aí é torcer para que consigam criar um mundo totalmente
novo, sem reciclar nada do primeiro. Talvez seja exatamente isso que a
Platinum Games pense quando mencionou um spin-off…
OBS: Crédito das fanart do post: Cocox333 e E-Mann
OBS III: E comecei a jogar Darksiders hoje, depois de Bayonetta, fica difícil empolgar com o game… ai, ai.
By... http://www.portallos.com.br/2010/02/02/bayonetta-e-pervertido-na-medida-certa-impressoes-de-um-sucesso-infalivel-x360ps3/